COLÉGIO ................................................................
DATA: ___/___/2018
NOME:__________________________
A Menina dos Fósforos
Fazia um frio terrível, nevava
e começava a escurecer. Era a última noite do ano, a noite de ano-bom. No frio
e na escuridão, andava, pela rua, uma garotinha pobre, descalça, de cabeça
descoberta. Ao sair de casa tinha chinelos nos pés. Mas os chinelos eram
grandes demais, sua mãe os havia usado antes, e, de tão grandes que
eram, a menina os perdera ao
atravessar a rua correndo, no momento em que dois carros passavam a toda
velocidade. Não conseguira encontrar um dos chinelos, e o outro, um rapaz
levara, dizendo que o usaria como berço quando tivesse filhos.
Lá ia, pois, a menina, com os
pezinhos nus, arroxeados de frio. Trazia num velho avental certa porção de
fósforos e segurava um pacotinho deles na mão. O dia inteirinho ninguém lhe
comprara um só palito de fósforo, ninguém lhe dera um níquel. Sofrendo frio e
fome, a pobrezinha, andando pela rua, parecia apavorada. Os flocos de neve
caíam-lhe sobre os longos cabelos louros, que formavam graciosos cachos em
torno da nuca – mas a menina estava longe de pensar em cabelos bonitos.
Todas as janelas estavam
iluminadas, e chegava até a rua um aroma
delicioso de ganso assado, pois era a noite de ano-novo. Nisso, sim, ela
pensava. Por fim ela encolheu-se num
canto, entre duas casas: uma delas avançava mais sobre a rua
que a outra. Sentou-se,
encolheu as perninhas, mas continuava a sentir frio. Não tendo vendido um único
fósforo, não possuindo um único níquel, não ousava ir para casa, onde o pai
bateria nela. Além disso, também fazia frio na casa onde moravam — uma casa sem
forro, com o telhado cheio de fendas, por onde o vento sibilava, apesar de
haverem tapado muitas delas com palha e trapos. Suas mãozinhas estavam
enregeladas. Um pequenino fósforo lhes faria bem. Pudesse ela, com os dedos
duros, puxar um fósforo do pacotinho, riscá-lo contra a parede e aquecer os
dedos! Conseguiu-o, afinal; tirou um e riscou-o. Como o fósforo ardeu e
crepitou! A chama clara e quente parecia uma velinha, quando a envolveu com a
mão. Era uma luz estranha. A garotinha imaginou estar sentada em frente a uma
grande lareira de ferro, com adornos e um tambor de latão polido. O fogo
crepitava alegremente, e
aquecia tanto... Que beleza! A
pequena já ia estendendo os pés, para aquecê-los também... quando a chama se
apagou e a lareira desapareceu. Ela estava sentada na rua, com um pedacinho de
fósforo na mão.
Riscou novo fósforo, que
ardeu, claro, brilhante. Onde o clarão incidiu, a parede tornou-se transparente
como um véu. Ela viu então o interior de uma casa, onde estava posta uma mesa,
com toalha muito alva e fina porcelana. O ganso assado fumegava, recheado de
ameixas e maçãs, e, o que foi ainda mais extraordinário, de repente o ganso
pulou da travessa e saiu cambaleando pela sala, com o garfo e a faca espetados
nas costas. Veio vindo assim até ao pé da menina pobre. Aí o fósforo se apagou,
e só se via a parede, grossa e fria. Ela
acendeu outro fósforo. Viu-se sentada sob os ramos da mais linda árvore de
Natal. Era ainda maior e mais enfeitada que a árvore que ela vira através da
porta envidraçada, na sala do rico negociante,
no Natal passado. Milhares de
velas ardiam nos ramos verdes, e figuras coloridas, como as que adornam as
vitrinas das lojas, a fitavam. A pequena estendeu as mãos para o alto – mas
nisto o fósforo se apagou. As velas de Natal foram subindo, cada vez mais, e
ela viu que eram estrelas cintilantes. Uma delas caiu, traçando um longo
risco de fogo no céu. Deve ter
morrido alguém – disse a pequena. A
velha avó, única pessoa que lhe quisera bem, mas que já estava morta, costumava
dizer: “Quando uma estrela cai, sobe aos céus uma alma.” A menina tornou a riscar um fósforo contra a
parede. No clarão produzido em volta, ela viu, radiante e iluminada, a velha
avó, meiga e bondosa.
Vovó! – gritou a pequena. – Leva-me contigo!
Sei que não mais estarás aí quando o fósforo se apagar. Desaparecerás, como a
boa lareira, o delicioso ganso assado e a grande, linda árvore de Natal!
Riscou às pressas o resto dos fósforos que
havia no pacotinho, para ter a avó ali a seu lado e retê-la. O clarão dos
fósforos tornou-se mais intenso que a luz do dia. Nunca a avó fora tão grande e
bela. Ergueu a menina nos braços e as duas voaram, felizes, para as alturas,
onde não havia frio nem fome, nem apreensões, voaram para junto de Deus. Quando
raiou a manhã, muito fria, encontraram,ali no cantinho, entre as duas casas, a
menina com as faces coradas e um sorriso a brincar –lhe nos lábios.
Morrera de frio na última
noite do ano velho. A aurora do Ano Novo
brilhava sobre o pequenino cadáver, que jazia com os fósforos nas mãos. Um maço inteiro estava queimado.
– Ela quis aquecer-se –
disseram. Ninguém sabia que maravilhas
ela vira, nem imaginava o esplendor que a cercara, com a velha avó, nas alegrias do Ano Novo.
Contos de Andersen. Trad. Guttorm Hanssen. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 2002.
1.Quem é a personagem
principal do texto?
2.Descreva:
a.Como estava o clima na rua
onde a menina trabalhava?
b.Como eram as vestes da
menina?
c.Faça a descrição física da
menina.
3.Explique porque a menina
parecia apavorada?
4.Por quê a menina não quis voltar para casa?
5.Faça a descrição da moradia da menina.
6. Sentindo muito e frio a menina começa a riscar os fósforos
na tentativa de se aquecer. Descreva o acontece a partir desse momento com ela?
7.Qual foi o desfecho da história.
8.Você acha que essa história só acontece nos livros ou
pode acontecer na vida real? Comente.
9.Transcreva do texto
10 substantivos e 10 verbos no pretérito.
10.Faça uma pesquisa sobre a
exploração do trabalho infantil no Brasil. Selecione textos,frases, fotos,
gráficos, análises de dados estatísticos e
desenhos, entre outros e crie um
mural. Se preferir recorte as imagens em revistas ou jornais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário