Paulo Freire: da História às concepções sobre E.J.A.

Paulo Freire: da História às concepções sobre E.J.A.

       Falar em Paulo Freire junto a grupos de educação de adultos é sinônimo de estar engajado em um trabalho de jovens e adultos não escolarizados visando à transformação da realidade daqueles que socialmente se encontravam marginalizados de uma sociedade letrada e, na maioria dos casos, vivendo um processo de exclusão social. Paulo Freire, Pernambucano, nasceu em Recife, em 19 de setembro de 1921. De família humilde, teve uma infância marcada por dificuldades econômicas e desde cedo conheceu a pobreza de perto. Foi alfabetizado em casa, por seus pais, escrevendo com gravetos, no chão de terra debaixo das mangueiras do quintal. Como gostava muito de estudar, assim que concluiu a escola secundária, tornou-se professor. Formou-se em Direito, mas não exerceu a profissão. Optou por se engajar na formação de Jovens e Adultos trabalhadores e por atuar em projetos  de alfabetização. A partir de sua prática, com uma metodologia diferente, criou uma teoria epistemológica (estudo crítico dos métodos empregados nas ciências) que o tornou conhecido internacionalmente.  No entanto, "tudo começou", no hoje denominado Período das Luzes da Educação de Adultos - E.D.A. (1959-1964), marcado pelo Congresso de E.D.A. (1958) que se caracterizou pela "intensa busca de maior eficiência metodológica e por inovações importantes neste terreno, pela reintrodução da reflexão sobre o social no pensamento pedagógico brasileiro e pelos esforços realizados pelos mais diversos grupos em favor da educação da população adulta". (FREIRE, 2001. p.17). Participando intensamente desse momento turbulento, Paulo Freire nos traz vários debates sobre a pratica da alfabetização de adultos, numa proposta de pedagogia crítico-libertadora que inclui elementos filosóficos fundamentais como a dialogicidade, a leitura da palavra não dissociada da leitura do mundo, a importância do saber e da cultura do educando, o educando enquanto sujeito de sua historia e tantos outros que estas referencias acabaram por se transformar, no imaginário de muitos educadores, também em um método de alfabetizar o adulto. Apesar do golpe militar de 1964 e de seu exílio, Paulo Freire continua sua luta por uma educação libertadora nas suas andanças pelo mundo e, no Brasil, nas décadas de 1960 a 1980, os movimentos populares e inúmeros militantes continuam seus trabalhos de alfabetização de adultos na clandestinidade. Momentos extremamente duros, mas que foram muito alimentados pelo ideário e pelas experiências do grande educador, que mesmo longe não deixava de contribuir para a resistência de um trabalho político-social-educativo em um mundo que precisava ser transformado e humanizado. A Constituição Federal de 1988 previa em seu artigo 208, inciso 1º, que o Ensino Fundamental fosse obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso em idade própria e,  praticamente, da mesma forma. Em Educação de Jovens e Adultos, a figura do professor  Paulo Freire representava para muitos, e principalmente para aqueles que se constituíram em grupos de resistência às praticas educativas calcadas no ideário do Mobral, a possibilidade da definição de uma política que incorporasse a importância da educação de Jovens e Adultos na transformação social da cidade e não somente uma educação visando o processo produtivo do país. Isso porque, "a prática educativa", reconhecendo-se como "prática política", se recusa a deixar-se aprisionar na estreiteza burocrática de procedimentos escolarizantes; lidando com o processo de conhecer, a pratica educativa é tão interessada em possibilitar o ensino de conteúdos às pessoas quanto em sua conscientização.(FREIRE, 1983, p. 27).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Conclusão

Conclusão Ao fim do trabalho, pode-se concluir que a pesquisa realizada ampliou o conhecimento a respeito dos pronomes e forneceu i...